Esta é uma lenda que se deve começar a contar como manda a tradição. Com um… há muito, muito tempo….
Há muito, muito tempo, vivia nas terras de Marrocos uma jovem rapariga chamada Beijeita. Infelizmente a sua mãe, Cressidina, estava acamada, com uma tosse que fazia recear o pior.
Perfeitamente ciente de que os seus dias se aproximavam do fim, Cressidina ofereceu à filha um medalhão. Pouco tempo depois, fechava os olhos pela derradeira vez. Com ela levava um segredo, que não partilhou com a filha com medo da sua reacção: Cressidina era uma deusa, e ao morrer subia ao céu para assumir o seu carácter divino.
Sozinha, Beijeita colocou o medalhão que a mãe lhe dera ao peito e saiu para espairecer, dando um belo passeio. O que nenhuma delas sabia era que o velho medalhão continha um compartimento secreto onde estavam encerrados almas e espíritos malignos.
Agora imaginem o que aconteceu quando a jovem tropeçou e o medalhão se soltou, embatendo contra uma rocha, abrindo-se…
As entidades maléficas soltaram-se e subiram aos céus. Beijeita nem se apercebeu que o seu precioso medalhão se tinha desprendido mas considerou a queda como um mau presságio enviado pela sua mãe para a advertir e regressou à cabana onde ambas tinham vivido.
Os espíritos deambularam livremente durante algum tempo até que um deles, que tinha a forma de uma serpente cascavel, encontrou uma bonita lanterna. Era preta, com luzes verdes e vermelhas, que a faziam cintilar. O espírito cascavel estava convencido que se tratava de um abrigo seguro e disse aos outros para entrarem e se abrigarem ali dentro.
O que eles não sabiam era que a lanterna pertencia a um místico que pouco depois teve que a vender a uma loja para poder obter algumas roupas e alimentos.
E a história é assim contada, especialmente às crianças, dizendo-se que os espíritos vivem até hoje encerrados no seu abrigo e que se uma pessoa escutar com atenção os pode ouvir dentro de uma lanterna, especialmente o chocalho do espírito cascável.