Quando estiver com saudades de Marrocos, basta ler um dos livros de Paul Bowles e imaginar-se de novo em terras marroquinas.
- O escritor, nascido em Nova Iorque, morreu em 1999, na cidade que mais amava: Tânger.
- Apesar de ter vivido 52 anos em Marrocos foi a enterrar em Nova Iorque.
Paul Bowles era um viajante de alma inquieta, mas Tânger ficou-lhe marcado. Visitou a cidade com amigos e depois com a primeira mulher, mas foi com Jane Auer, do seu segundo casamento, que se mudou definitivamente para viver em Tânger, em 1947.
Diz-se que a tolerância do país para temas controversos, na altura, como a homossexualidade e utilização de drogas tenha sido também um factor decisivo por a sua casa de Tânger ter sido frequentada por nomes conhecidos como Truman Capote e Tennessee Williams, por exemplo.
Paul Bowles foi o autor de conhecidas obras. Mas, “O céu que nos protege” (“The sheltering sky”), que foi adaptado ao cinema por Bernardo Bertolucci, foi a que se tornou mais referenciada.
Foi considerado figura importante do chamado existencialismo americano e da Beat Generation. Este era um grupo de escritores americanos pós-Segunda Guerra Mundial, que se revelaram nos anos 50.
Caracterizavam-nos inovações no estilo, mais abertos a novas ideias e a rejeição do materialismo. Uma espécie de hippies que contou com Jack Kerouac com a obra “On The Road” ou “Naked Lunch” de William S. Burroughs.
Para Paul Bowles existia uma diferença substancial entre o turista e o viajante. Este último procura a diversidade, o que é diferente nas pessoas do sítio que se visita, já o turista mostra a sua cultura e dificilmente a abandona. O viajante entre no dia-a-dia da cidade e do país que visita.
Vídeo do filme The sheltering sky
Paul Bowles
Paul Bowles fala das culturas que marcam cada país. Para o escritor era muito importante que cada país preservasse a sua cultura, aderindo a algumas modernidades pelo caminho, mas sem perder os seus elementos únicos, ou seja, o que o diferenciasse.
Outros dos seus livros são “A man must not be very moslem” e ”The Rif to music”. Nestas obras Paul Bowles faz muito a introspecção que aborda a cultura marroquina. São muitos dos seus livros importantes reflexões sobre a tradição de Marrocos na perspectiva de alguém de fora, mas que lá viveu durante grande parte da sua vida.
Escreveu contos, romances, poemas e livros de viagens. Paul Bowles também foi importante na tradução de contos e autores tradicionais marroquinos. Alguns dos seus contos estão em “Um amigo do mundo”. Estão reunidos contos que falam das paisagens de África do Norte e a tradição dos seus povos.
Além de escritor, Paul Bowles foi também compositor. Teve lições de composição com Aaron Copland, com quem fez a primeira visita a Tânger. Tem peças para orquestra, piano, bailado e voz, tudo composto por si. Também compôs para peças de teatro, colaborando com inúmeros encenadores.