Marrocos tem no seu território nove sítios classificados pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade.
Interessante não acha?
Todos eles são da categoria “Cultural” e o melhor é que ao contrário do que suceder na maioria dos países, o visitante poderá aqui percorrê-los todos com relativa facilidade. Talvez não numa semana, apesar de isso ser possível com algum esforço, mas certamente em duas semanas e mesmo em dez dias.
Neste artigo vou-vos mostrar como o fazer, passo a passo, incluindo as melhores formas de se deslocar entre os diversos pontos, o que ver e onde ficar alojado.
■ Veja ainda a página sobre os locais UNESCO em Marrocos.
Medina de Tétouan
A Chegada
Considerando a distribuição geográfica dos locais, fica logo claro que o primeiro a ser visitado deverá ser a Medina de Tétouan. É o que fica mais a norte, próximo de uma série de pontos de entrada naturais, para o viajante que vem da Europa.
Os que vêm de carro desembarcarão provavelmente em Tânger, a 65 km de Tétouan. Se a ideia for voar para Marrocos, o aeroporto internacional de Tânger não se encontra longe. É servido por ligações operadas por diversas companhias aéreas, incluindo as low cost Ryanair e Easyjet.
Infelizmente não existem uma ligação de autocarro para o centro da cidade ou para a estação rodoviária da cidade. Terá que se apanhar um táxi, esperando pagar 120 dirhams (cerca de 11 Euros) pelo serviço até à central de autocarros.
A CTM tem quatro ligações diárias, às 8:15, 12:15, 16:45 e 20:30. A primeira é a única directa, custando o bilhete 20 dirhams e tendo uma duração de 45 minutos. As outras implicam mudança de autocarro, com bilhetes a 25 dirhams (pouco mais de 2 Euros) e a demorar cerca de duas horas.
A Medina
A cidade de Tétouan encontra-se no sopé da cordilheira do Rif, que lhe confere um enquadramento geográfico impressionante. A sua medina é relativamente pequena quando comparada com as famosas Marraquexe e Fez, mas desenvolveu-se colina acima e isso dificulta um pouco a sua exploração.
Tétouan esteve ligada ao que é hoje Espanha durante os últimos mil e trezentos anos, primeiro, como ponto natural de ligação entre a África do Norte e os reinos mouros estabelecidos na Península Ibérica. Mais recentemente, quando os ventos mudaram e os invadidos se tornaram invasores, Tétouan foi a capital do Protectorado Espanhol de Marrocos, situação que perdurou entre 1912 e 1956.
Apesar da sua longa existência, Tétouan desenvolveu-se verdadeiramente entre os séculos XIII e XIV, quando os Marinidas construíram ali o kasbah – cidadela fortificada – que ainda hoje ali encontramos, assim como a mais antiga mesquita da cidade. N o século XIV Tétouan foi utilizada como base militar para combater a cidade rebelde de Ceuta.
A partir do século XV a pressão da Reconquista Cristã na Península Ibérica acentuou-se e muitos refugiados acorreram a Tétouan fazendo-a crescer ainda mais. Este movimento trouxe consigo uma especificidade cultural que chegou aos dias de hoje, a da cultura Andaluz.
A medina encontra-se mais ou menos dividida em três zonas distintas: a Andaluz, a Judia e a Berbere. E como é tão compacta permite ao visitante empreender uma travessia cultural e temporal deslocando-se apenas umas centenas de metros. Em menos de nada passará do Kasbah do século XIV para as elaboradas mesquitas dos séculos XVI e XVII e para a judiaria, mais recente.
Poderá contratar um guia que poderá indicar-lhe melhor estas diferenças e mostrar-lhe o que resta dos altares secretos preparados pelos milhares de cativos cristãos que aqui viveram como escravos entre os séculos XVI e XVIII.
Tétouan UNESCO: A Inscrição na Lista
Foi em 1997 que a Medina de Tétouan foi inscrita da Lisa da UNESCO de Património Mundial da Humanidade, de acordo com os seus critérios II, IV e V.
Critério II: pelo testemunho da cultura do Andaluz e do último período de permanência moura no Ocidente, nomeadamente na arquitectura, artes monumentais e planeamento urbano.
Critério IV: por ser um notável exemplo de cidade fortificada do Mediterrâneo litoral, com a impressionante presença da cordilheira do Rif. Vale também a idade da localidade e a sua importância da ligação entre a Península Ibéria e o interior de Marrocos.
Critério V: pela importância no contacto entre duas civilizações, a Espanhola e a Árabe, e entre dois continentes, mercê da sua posição estratégica, frente a Gibraltar.
■ Inscrição da Medina de Tétouan no site da UNESCO.
Alojamento em Tétouan – Onde ficar
Já que veio a Tétouan para apreciar a sua medina, poderá ficar no Riad Dari, mesmo no centro da cidade antiga, com os quartos mais baratos a 30 Euros, mas com uma excelente suite por 50 Euros. Serve-se aqui um fantástico pequeno-almoço, incluído no preço, que pode ser tomado no agradável terraço do riad, de onde se obtém vistas perfeitas do Rif. Além disso, a simpatia e hospitalidade dos anfitriões é garantida.
Se preferir algo um pouco melhor, sugiro o Hotel Blanco Riad, também perto de tudo, onde um bom quarto duplo custa 50 Euros, sem pequeno-almoço. Este pode ser tomado mediante um pagamento extra. A decoração interior deste hotel é um espanto, tipicamente marroquina, de cores garridas e dominada pelo conforto.
Por fim, se procura o mais barato, o Hotel Africa oferece um ambiente muito interessante. Claro que o seu estado de conservação e de decoração interior são inferiores, considerando que um quarto duplo custa apenas 18 Euros, mais 3 Euros se desejar tomar o pequeno-almoço. Mas a sua localização não poderia ser melhor e vive-se ali um ambiente informar que poder deixar óptimas memórias.
Medina de Fez
A Chegada – Visitar Tétouan desde Fez
O transporte entre Tétouan e Fez será normalmente feito por autocarro, podendo usar-se os serviços da Supratours, que tem um autocarro diário a sair pelas 14:00 e a chegar a Fez às 19:29. A CTM tem cinco serviços por dia, às 9:30, 11:30, 13:45, 16:30, 22:45, com bilhetes a custar 100 dirhams – 9 Euros. A viagem demora cerca de seis horas e há uma paragem de 25 minutos num restaurante junto à estrada.
A Medina de Fez
Talvez Fez tenha a maior medina de Marrocos, temida por muitos visitantes que se sentem perdidos no seu emaranhado de ruas e vielas, mas muito pitoresca. Diz-se que é a maior área urbana sem trânsito automóvel do mundo, tendo sido fundada em 789 por Moulay Idriss II.
Talvez a melhor forma de a visitar seja precisamente deixar-se ir, sem tentar controlar o rumo, ao sabor dos impulsos ao virar de cada esquina. É verdade que a medina tem uma série de pontos de interesse considerados indispensáveis. É o caso da madraça Bou Inania, uma escola religiosa do século XIV, o melhor exemplo de arquitectura religiosa que um não muçulmano poderá ver. É que em Marrocos o acesso às mesquitas só é permitido aos crentes.
Outros elementos em destaque na medina serão a Universidade e Biblioteca Al-Qarawiyyin, considerada pela UNESCO a mais antiga universidade do mundo, os Túmulos Merenidas, a mesquita al-Tijani, a Farmácia Berbere e, claro, os mercados ou souks.
Pode-se ter um cheirinho da presença judia em Fez – que como em todo o país desceu quase para zero após a criação do Estado de Israel, quando a maioria destas pessoas se mudaram para o novo país – na Sinagoga Habarim e no Cemitério Judeu.
Mas muitas outras coisas de elevado interesse são relativamente anónimas: são as belíssimas fontes decoradas com mosaico e azulejo que se encontram um pouco por todo o lado, os diversos portões da cidade e tudo o que se passa na Talaa Kebeera, a mais extensa rua da medina, que se inicia no Bab Boujelud e praticamente atravessa todo o centro histórico de Fez.
As oficinas ao ar livre onde se tingem os curtumes são um dos pontos mais procurados pelos turistas, porque de facto oferecem sempre uma experiência única e grandes fotos. Mas atenção, o cheiro nauseabundo está sempre presente e quem tem um estômago fraco poderá querer repensar a intenção de visitar.
Fez UNESCO: A Inscrição na Lista
A Medina de Fez foi adicionada à lista UNESCO de Sítios Património Mundial da Humanidade em 1981, com base em dois critérios: II e V.
Critério II: pela influência que Fez teve nas regiões do Norte de África, Andaluzia e mesmo África Subsaariana, nomeadamente entre os séculos XII e XV, nas artes monumentais, arquitectura e planeamento urbano.
Critério V: por ser um exemplo perfeito de uma cidade medieval do período inicial da Islamização de Marrocos, representando a cultura urbana marroquina que se desenvolveu durante um longo período de tempo, entre os séculos IX e XX. A medina é considerada um mostruário desta cultura, com a sua elevada densidade de monumentos e edifícios religiosos, civis e militares.
■ Inscrição da Medina de Fez no site da UNESCO.
Alojamento em Fez – Onde ficar
Sem dúvida na medina. Encontram-se ai dezenas, senão centenas de opções de alojamento, todas em riades – casas tradicionais das urbes marroquinas com um pátio interior e geralmente com dois ou três pisos – para todos os bolsos e com todos os tipos de atmosferas.
Se gosta de ficar independente pode alugar um apartamento no Dar el Makina, bem no centro da medina. Por apenas 18 euros pode ter o seu espaço privado, belissimamente decorado bem à marroquina e usufruir do terraço de onde se tem uma vista deslumbrante sobre a cidade antiga, sendo muito bem recebido por Abdul, o anfitrião.
Para um riade mais convencional, o Dar El Ouedghiri não o desapontará. Trata-se de uma casa tradicional, também localizada no centro da medina, decorada de forma tradicional, onde pagará 25 Euros por um quarto duplo com pequeno-almoço incluído. Mais uma vez o terraço é deslumbrante e o problema poderá ser conseguir vontade de sair de lá para explorar a cidade.
Por fim, a solução mais económica recomendável: o Dar Es-saqi é um riade com condições muito modestas, mas por 12 Euros por um quarto duplo há que reconhecer o que podemos esperar, ainda para mais quando o pequeno-almoço está incluído! Outra vantagem: trata-se de uma casa de família onde a hospitalidade é garantida.
■ Veja ainda a página sobre Alojamento em Fez.
Cidade Histórica de Meknes
A Chegada – Visitar Meknes desde Fez
Depois das duas primeiras passagens por locais Património Mundial da Humanidade da UNESCO em Marrocos terem sido feitas através do recurso aos autocarros, vamos viajar para Meknes de comboio.
A maior preocupação do viajante será mesmo chegar à estação de comboios de Fez, que fica afastada da medina e deverá implicar chegar a acordo com um taxista. Quanto aos comboios, passam no máximo de hora a hora, demoram 45 minutos a chegar a Meknes e o bilhete custa 22 dirhams – 2 Euros.
A Cidade Histórica de Meknes
Das cidades imperiais de Marrocos – um conjunto definido por terem sido capitais do Reino em algum momento da sua histórica – Meknes será a menos visitada, menos turística, menos conhecida e mais pequena. Isto traz vantagens adicionais: existem menos burlões e carteiristas, as pessoas são mais afáveis e genuinamente agradadas por ver turistas. Além disso, é uma cidade bastante compacta, podendo caminhar-se facilmente e ver todos os pontos mais relevantes.
Meknes foi fundada no século XI como uma base militar Almorávida e tornou-se capital durante o reinado do sultão Muoulay Ismail (1672-1727). Deve o seu nome a uma tribo Berbere, os Meknassa.
Um passeio pelo centro histórico poderá bem começar pelo Bab Mansour, o principal dos vinte e sete portões da medina, localizado em frente à Praça Hedim, o centro funcional de Meknes. Houve tempos em que esta praça rivalizou com a famosa Djemaa el Fna, de Marraquexe, mas hoje é apenas um local interessante, com cafés a ladeá-la, cujas esplanadas são ideais para repousar e observar pessoas.
■ Veja ainda a página sobre a Jemaa el-Fna em Marraquexe – Loucura para além das expectativas.
O Dar Jamai é um palácio localizado por detrás da Praça Hedim, hoje utilizado para albergar o Museu de Artes Marroquinas, cuja visita vale pela exposição e pela apreciação da arquitectura e dos jardins. Veja-se a Madraça Bou Inania, a mesquita Al Masjid Al Adam, a maior e mais antiga de Meknes, e a Mesquita da Medina, datada de 1350. Mas Meknes não se esgota por aqui. Há que visitar a Habs Qara, uma antiga prisão subterrânea onde Moulay Ismail mantinha os seus prisioneiros e o mausoléu do próprio Moulay Ismail, que pode ser visto por fora por toda a gente mas visitado apenas por muçulmanos.
De resto, como todas as cidades de Marrocos, a melhor estratégia é vaguear pelas ruas da medina e ver onde os ventos o levam. Há-de encontrar portões magníficos, fontes ricamente decoradas, mercados, lojas tradicionais, gente interessante.
Meknes UNESCO: A Inscrição na Lista
Foi em 1997 que A Cidade Histórica de Meknes passou a fazer parte da lista de locais Património Mundial da Humanidade da UNESCO, ao abrigo do critério IV de admissão.
Critério IV: foram sobretudo os baluartes de Meknes que lhe valeram a inscrição da lista. As suas muralhas chegam a atingir 15 metros de altura em alguns pontos, considerando-se a cidade como um exemplo da urbe fortificada do Magrebe. Foi também considerado que Meknes representa uma capital norte africana do século XVII, combinando elementos conceptuais e um planeamento urbano influenciados a um só tempo pela tradição Islâmica e Europeia. Destaca-se também a utilização modelar de adobe na construção da cidade antiga.
■ Inscrição da Cidade Histórica de Meknes no site da UNESCO.
Alojamento em Meknes – Onde ficar
Na noite do dia em que visitar Meknes pode optar por três escolhas:
- Regressar a Fez no mesmo dia e ficar no seu alojamento de antes; é uma viagem que se faz bem assim, indo e vindo no mesmo dia, e com alguma ginástica pode-se mesmo incluir Volubilis na expedição.
- Visitar Meknes durante o dia e dormir em Moulay Idriss, próximo de Volubilis, uma vila que merece toda a atenção e é muito pitoresca
- Pernoitar mesmo em Meknes.
Dormir em Moulay Idriss tem uma particularidade: até há bem poucos anos, devido ao carácter sagrado da localidade, não era permitido a quem não fosse muçulmano passar ali a noite. Era possível visitar, mas depois do sol posto os não muçulmanos não poderiam permanecer na vila. Mas isso já acabou e existem uma série de locais aceitáveis para pernoitar em Moulay Idriss.
O Diar Timnay é um pequeno hotel, com quartos simples a um preço muito agradável: 22 Euros pelo quarto duplo. Inclui um pequeno-almoço modesto para suficiente e a localização é excelente, numa rua tranquila próxima do centro da vila. O pessoal é simpático e o terraço tem boas vistas.
Quanto a Meknes, o Riad Amazigh é uma óptima opção. Bem no centro da cidade, próximo da Grande Mesquita, disponibiliza quartos duplos por 39 Euros, incluindo o pequeno-almoço. Decoração agradável, mas é preciso admitir que os quartos são um pouco simples para o preço. O terraço é excelente para relaxar depois de um dia cansativo. No Riad Atika Mek terá um quarto duplo por 36 Euros, incluindo pequeno-almoço. Este riad é um espectáculo, com uma arquitectura e uns quartos dignos das Mil e Uma Noites e o terraço é verdadeiramente excepcional, mesmo considerando que estes espaços costumam ser bastante agradáveis nos riads marroquinos.
Se precisa de uma solução mais económica, experimente o Ryad Bab Berdaine, com quartos para duas pessoas por 19 Euros com pequeno-almoço incluído, também localizado no centro mas um tudo nada mais afastado.
Sítio Arqueológico de Volubilis
A Chegada – Visitar Volubilis desde Meknes ou Fez
A melhor forma de chegar ao sítio arqueológico de Volubilis é de grand taxi, desde Moulay Idriss. É possível visitar num só dia, desde Meknes, e até desde Fez, se iniciar a jornada bem cedo. Mas para uma experiência tranquila, o melhor será pernoitar em Moulay Idriss.
Para chegar a Moulay Idriss desde Meknes poderá apanhar também um grand taxi, junto ao Instituto Francês. O valor normal deste serviço é de 25 dirhams, ou 150 dirhams se quiser fretar o carro. A viagem demora cerca de 30 minutos. Eventualmente poderá negociar com o condutor a extensão do serviço, com uma visita a Moulay Idriss e a Volubilis, com espera e regresso a Meknes.
Alternativamente poderá apanhar o autocarro #15 para Moulay Idriss. Este, parte de perto da praça dos grand taxi e o seu bilhete custa menos de 10 dirhams.
Sítio Arqueológico de Volubilis
Volubilis foi fundada no século III a.C. chegando a ser a capital do antigo reino da Mauritânia e, mais tarde, capital de Marrocos, durante o reinado de Idris I (788-791). O que vemos hoje ali é essencialmente um vasto lugar arqueológico, com quarenta e dois hectares, dominado por ruínas romanas e alguns vestígios berberes. Apesar da predominância romana, é preciso não esquecer que após o desaparecimento do Império Romano a cidade manteve presença humana, com algumas interrupções.
Para além do natural desgaste do tempo, Volubilis sofreu com os sismos que a abalaram ao longo dos séculos, especialmente o famigerado terramoto de 1755, o mesmo que arrasou Lisboa e boa parte de Portugal.
No início do século XIX os franceses começaram a interessar-se por Volubilis, com sucessivos levantamentos arqueológicos, que foram intensificados durante o período em que controlaram Marrocos, ou seja, entre 1912 e 1956.
Apesar da grandiosidade do local, note-se que apenas metade da extensão total da antiga cidade foi escavada. Mesmo assim há muito por lá para o visitante ver: o capitólio, o fórum, uma basílica, um arco triunfal, diversos templos, casas privadas, palácios. Em algumas das construções podem-se admirar belos chãos de mosaico.
O local pode ser visitado entre as 9:00 e as 12:00 e entre as 14:30 e as 18:00, custando o bilhete 20 dirhams. É habitualmente muito sossegado, com raros turistas, especialmente pela manhã e ao final da tarde.
Volubilis UNESCO: A Inscrição na Lista
A UNESCO adicionou o Sítio Arqueológico de Volubilis à Lista de Património Mundial da Humanidade em em 1997, considerando a presença de quatro critérios de inclusão.
Critério II: por ser uma cidade que se apresenta como exemplo de sobreposição de camadas culturais desde a Alta Antiguidade até à época Islâmica. As influências que ali se cruzam são Mediterrânicas, Líbias, Mouras, Púnicas, Romanas , Árabes-Islâmicas, Africanas e Cristãs. Todas elas são evidentes na evolução urbana de Volubilis, nos estilos de construção e nos elementos ornamentais.
Critério III: pela riqueza arqueológica do local, que testemunha a presença de várias civilizações desaparecidas.
Critério IV: por o local ser um acumular de migrações e civilizações perdidas desde a Antiguidade até ao Período Islâmico.
Critério VI: pela sua riqueza em termos de história, eventos, ideias, crenças e trabalhos artísticos de valor universal, especialmente pela sua constituição como capital de Marrocos sob a liderança de Idriss I.
■ Inscrição da Sítio Arqueológico de Volubilis no site da UNESCO.
Rabat
A Chegada – Visitar Rabat desde Meknes ou Fez
Se pernoitou em Moulay Idriss terá que regressar a Meknes, com recurso a um Grand Taxi, tal e qual como foi até lá. Será de Meknes ou de Marraquexe, consoante a opção tomada pelo viajante na noite anterior, que este percurso pelos Locais Património Mundial da Humanidade da UNESCO em Marrocos prosseguirá.
De Meknes ou Marraquexe não fará grande diferença, porque este troço da viagem será feito de comboio e a linha é a mesma. Será um comboio com partida de Marraquexe e paragem em Meknes que tomaremos para chegar a Rabat, capital do Reino de Marrocos.
A saída de Fez pode ser em hora à sua escolha. Há partidas de hora a hora, desde as 2:10 da manhã até às 19:00, sendo que ao longo do dia será sempre à hora certa mais trinta minutos (6:30, 7:30, 8:30, 9:30, etc). O bilhete custa 85 dirhams – 7,70 Euros e a viagem demora pouco mais de três horas.
De Meknes há partidas também durante todo o dia, claro, com a primeira às 2:46 da manhã e a última às 19:37. As horas ao longo do dia não são exactamente as mesmas pelo que será melhor consultar na estação, na certeza porém de que o intervalo entre comboios ronda os sessenta minutos. O bilhete daqui para Rabat custa 60 dirhams – 6,25 Euros e o percurso leva cerca de duas horas e meia.
Note que os preços apresentados são para lugares em segunda classe, como acontece em todos os casos indicados neste artigo.
Rabat
Rabat é uma digna capital de Marrocos, com uma encantadora fusão entre o clássico e o moderno.
Como em todas as cidades marroquinas, a medina é um natural pólo de atracção para os visitantes que vêm a Rabat. É mais tranquila do que nas outras grandes cidades do país, talvez por ser mais moderna: foi basicamente construída no século XVII e até 1912, quando os franceses chegaram, era basicamente a única coisa que existia em Rabat. Destaque para a Grande Mesquita de Rabat, originalmente erigida no século XIV, para a rua Souika, o principal eixo da medina e onde o comércio é mais intenso, e para a rua dos Cônsules, onde até 1912 todos os representantes estrangeiros tinham que viver.
Como qualquer cidade de algumas dimensões em Marrocos, Rabat tem um bairro judeu (mellah) e uma cidadela fortificada (kesbah) de meados do século XII, construída pelos Almóadas, que devem ser visitadas.
Um pouco fora do centro encontra-se a Chellah, uma cidade da Antiguidade fundada pelos Cartagineses e mais tarde ocupada pelos romanos, que foi continuamente habitada até ao século XVIII. Era nessa altura a medina de Rabat, mas um terramoto arrasou-a e as pessoas abandonaram-na. Hoje em dia pode ser visitada, com inúmeras cegonhas e gatos a partilharem o espaço com os turistas, que terão que pagar 30 dirhams – 2,80 Euros pelo bilhete.
O Palácio Real, residência oficial do rei de Marrocos, não pode ser visitado, mas a sua entrada é mesmo assim uma visão avassaladora, que o visitante não deverá perder. Por outro lado o Mausoléu Real pode ser visitado e a Guarda Real que vigia o local oferece sempre grandes fotografias.
Ali perto a Torre de Hassan é outro ponto de referência na capital marroquina. É uma construção inacabada, um minarete solitário para uma mesquita megalómana que nunca chegou a nascer.
Rabat é uma cidade envolvida pelo mar. Tem uma vasta face aberta ao Atlântico, com uma agradável avenida marginal e praias que são muito populares entre os locais e os turistas estrangeiros.
Mas não se esqueça, a escolha de Rabat para a Lista prende-se com a harmonização de duas faces de Marrocos, a moderna e a clássica, e deverá fugir da tentação de se manter pela Medina. Tente encontrar o charme da Rabat contemporânea e da forma como vive lado a lado com o universo ancestral. Centros comerciais de última geração e souks que não divergem muito do que seriam há centenas de anos atrás. Este é um exemplo do que Rabat tem de muito especial.
■ Veja ainda a página sobre visitar Rabat.
Rabat UNESCO: A Inscrição na Lista
Ao contrário do que sucede com outras cidades de Marrocos e de outros países do mundo, a inscrição de Rabat na lista não se limita ao seu centro histórico, abrangendo o conjunto estabelecido de forma harmoniosa entre a cidade moderna e a medina.
A cidade foi adicionada à lista em 2012, ao abrigo dos critérios II e IV.
Critério II: pelo respeito e inspiração mostrado na formação da moderna Rabat relativamente aos valores culturais árabes, ao mesmo tempo que eram absorvidos os valores importados da Europa no século XX e aplicados à realidade do Magrebe.
Critério IV: pela integração de valores culturais tradicionais no planeamento urbano de uma cidade moderna.
■ Inscrição de Rabat, a capital moderna e a cidade histórica: uma herança partilhada no site da UNESCO.
Alojamento em Rabat – Onde ficar
Em Rabat recomendo ficar no Riad Meftaha. É de facto um riad muito agradável, com excelente localização, permitindo visitar a pé a maioria dos pontos de interesse da cidade. De resto a decoração é excelente, tipicamente marroquina, de bom gosto. O preço, 50 Euros por um quarto duplo com casa de banho privativa, inclui um excelente pequeno-almoço.
Uma solução de budget minimamente aceitável será o Dar El Karam, um hotel modesto, bem localizado, numa viela tranquila próximo da avenida Muhamed V, onde um quarto para duas pessoas custa 10 Euros mas sem pequeno-almoço.
A Cidade Portuguesa de Mazagan (El Jadida)
A Chegada – Visitar El Jadida desde Rabat
Poderá usar o comboio para viajar de Rabat para El Jadida, mas nesse caso terá sempre que mudar de composição em Casablanca. Existem ao longo do dia diversos comboios que permitem fazer esta viagem, com o primeiro a partir às 5:15 e o último às 18:15. O bilhete custa 74 dirhams – 6,70 Euros. A duração vai depender muito do tempo de espera em Casablanca, mas anda por volta das três horas, mais coisa menos coisa. Também dependendo da comboio, o transbordo poderá ser em Casablanca Port ou em Casablanca Voyageurs.
El Jadida ou Mazagão
Decorria o ano de 1502 quando os portugueses chegaram aqui e a partir de 1514 iniciou-se a fortificação do local, onde os irmãos Diogo e Francisco de Arruda construíram uma cidadela de planta quadrangular com torres nos vértices.
Trinta anos mais tarde, ampliou-se a fortaleza segundo os planos de Benedetto da Ravenna, assumindo desde então uma planta em forma de estrela, segundo o padrão comum da arquitectura militar da época Renascentista.
A ocupação europeia durou até 1769, quando as forças portuguesas deixaram a fortaleza ao abrigo de um acordo de paz. O local manteve-se abandonado até 1824, quando os marroquinos se estabeleceram ali.
A fortaleza é mesmo o local mais interessante de El Jadida. Construída em forma de estrela, tem junto a si os edifícios mais antigos da cidade, como a Igreja da Assunção e a famosa Cisterna, uma vasta sala subterrânea inicialmente preparada para armazenar armas e mais tarde adaptada à função de cisterna.
Note as ruínas do baluarte que se encontrava sobre a porta principal da fortaleza, que explodiu quando os marroquinos ali entraram em 1769. Tinha sido armadilhado pelos portugueses em retirada.
Uma nota para a mesquita construída em 1824 na cidadela, por ordem do sultão Abderrahman, que pretendia que a população ali se fixasse.
A Rua da Carreira é a mais importante, encontrando-se ali os principais vestígios da presença portuguesa .
Para além da cidadela, poderá explorar um pouco a cidade “moderna”, detendo-se no animado Parque Hassan II, o centro social da comunidade local, bem próximo da praia.
El Jadida UNESCO: A Inscrição na Lista
A Cité Portugaise foi adicionada à lista UNESCO de sítios Património Universal da Humanidade em 2004, com base nos critérios II e IV.
Critério II: por a cidade ser um exemplo perfeito da influência europeia em Marrocos nos séculos XVI a XVIII e por ser uma das primeiras fortalezas portuguesas na costa ocidental de África. Estas influências são visíveis na arquitectura e no planeamento urbano da Mazagão.
Critério IV: por ser um dos primeiros testemunhos das técnicas de construção Renascentista colocadas em campo pelos portugueses no seu movimento de expansão, com destaque para a Igreja da Assunção e para a chamada Cisterna, construída em estilo Manuelino no início do século XVI.
■ Inscrição de Cidade Portuguesa de Mazagan (El Jadida) no site da UNESCO.
Alojamento em El Jadida – Onde ficar
Uma boa escolha será a Maison d’hôtes Cité Portugaise, ou seja, a Casa de Hóspedes Cidade Portuguesa, que fica de facto na estrita área que foi um dia uma fortaleza portuguesa em El Jadida, a nossa Mazagão. É um local com uma decoração muito agradável, tipicamente marroquina, com cores garridas, que a torna desde logo um local bastante pitoresco. Os quartos oferecem um ambiente baseado nestas premissas, simples mas agradáveis e… muito marroquinos. Tem espaços comuns convidativos e um terraço ideal para relaxar. Um quarto para duas pessoas aqui custará uns 20 Euros, mas sem pequeno-almoço.
Outra opção: Dar El Jadida, um agradável pequeno hotel, também localizado na cidadela, com quartos duplos a 20 Euros, mas com pequeno-almoço incluído. A decoração interior é também tipicamente marroquina mas algo pobre, o que terá que ser aceite perante o baixo custo do alojamento.
Medina de Essaouira (antiga Mogador)
A Chegada – Visitar Essaouira desde El Jadida
A CTM tem três autocarros diários a ligar El Jadida a Essaouira, partindo às 8:55, às 12:30 e às 14:30. A viagem dura cinco horas e o bilhete custa 100 dirhams – 9 Euros.
Essaouira
Essaouira foi fundada pelos portugueses em 1506. Era um simples forte, construído num ponto que hoje foi conquistado pelas águas do Atlântico e do qual não há vestígios. Chamava-se então Mogadoro, mas foi perdido para os Mouros pouco depois, em 1525.
Foi apenas a partir de 1760 que Essaouira se desenvolveu, quando a cidade foi planeada cuidadosamente por um europeu, daí a rara planta geométrica, nada usual em medinas marroquinas.
De resto, o valor patrimonial da medina de Essaouira é mais colectivo do que individual. Não se destacam grandes edifícios, é toda a cidade antiga que fascina, com as suas ruelas obscuras, os mercados e a proximidade do oceano.
A medina assenta em dois eixos principais, a Avenue de l’Istiqlal/Avenue Mohammed Zerktouni e a Rue Sidi Mohammed Ben Abdallah, duas paralelas que se estendem em direcção às muralhas marítimas. Ali próximo ergue-se a Grande Mesquita e a Torre do Relógio e do outro lado encontra-se a Praça Moulay Hassan, o centro de Essaouira, onde todos os eventos têm lugar.
As muralhas são um dos pontos altos de qualquer visita a Essaouira. Dividem-se em duas partes, a do Porto, que oferece grandes vistas sobre a faina dos pescadores, e que é de entrada paga (10 dirhams – aberta das 9 às 17:30) e as da Medina, de acesso livre e muito populares junto dos locais. Se o primeiro destes locais é mais vocacionado para os turistas, o segundo é de facto o sítio onde as pessoas de Essaouira vêm para se encontrarem e conviverem.
No Porto de Pesca pode-se ter uma percepção da pesca tradicional em Marrocos, chegando-se lá facilmente através da Porta do Mar. É um local pitoresco com muito para ver.
Poderá o visitante querer dar uma vista de olhos aos cemitérios históricos, o Judeu e o Cristão, localizados em pontos distintos – mas não muito distantes – da cidade. Para relaxar, nada como um passeio na vasta praia, que é uma das razões de visita a Essaouira. Ao final da tarde os jogos de futebol no areal são especialmente pitorescos.
■ Veja ainda a página sobre visitar Essaouira.
Essaouira UNESCO: A Inscrição na Lista
Essaouira foi adicionada à lista em 2001, com base nos critérios II e IV.
Critério II: por ser um perfeito exemplo de uma cidade costeira fortificada, com uma forte influência europeia aplicada ao contexto norte-africano.
Critério IV: por datar de finais do século IV, a medina de Essaouira surge numa altura em que Marrocos se abre para o mundo e o seu plano é essencialmente desenhado por um engenheiro francês, Vauban, que lhe imprime um claro toque europeu.
■ Inscrição de Medina de Essaouira (antiga Mogador) no site da UNESCO.
Alojamento em Essaouira – Onde ficar
Apesar de existirem alguns estabelecimentos hoteleiros fora dos muros da cidade, recomendo ficar na medina para melhor sentir o palpitar da genuína Essaouira.
A minha primeira sugestão concreta será o Hotel Al Arboussas, numa localização excelente, próxima de tudo, a poucas dezenas de metros das muralhas e do mar. Os quartos estão deliciosamente decorados, com muito bom gosto, e o preço é uma agradável surpresa: 24 Euros por um quarto duplo com um bom pequeno-almoço incluído. Além disso, os anfitriões, Mohammed e Sanaa, são excelentes!
No Dar Ness poderá ter um quarto para duas já muito razoável por 48 Euros, isto com pequeno-almoço incluído. É um local familiar, gerido pelos irmãos Khadija e Jamila, com a ajuda de Fatija. A localização é excelente, o ambiente é agradável e o pessoal é bastante hospitaleiro.
Medina de Marraquexe
A Chegada – Visitar Marraquexe desde Essaouira
Esta é uma viagem simples e relativamente curta. Há autocarros da Supratours a sair de Essaouira, com partida do espaço em frente aos escritórios da companhia, mesmo junto às muralhas da medina, mais especificamente do Borj Bab, uma imponente torre que sobressai do complexo de defesas da cidade.
Existem seis ligações por dia: 6:45, 9:00, 11:30, 15:00, 17:00 e 18:00. A viagem dura cerca de três horas e os bilhetes custam 80 dirhams – 7,25 Euros, excepto para o autocarro das 17:00, que é considerado de luxo, e cuja passagem vai custar 110 dirhams – 10 Euros.
A chegada dá-se na base da Supratours em Marraquexe, próximo da estação ferroviária, na cidade nova. Dali poderá apanhar um táxi para seguir para a cidade antiga ou procurar um autocarro, cujas carreiras #3 e #8 ligam a estação de comboios à medina. A distância entre ambos os pontos é de 1,70 km, o que significa que se estiver a viajar sem bagagem pesada e volumosa poderá simplesmente caminhar. É um trajecto seguro e bastante linear.
A Medina de Marraquexe
Marraquexe foi fundada por volta de 1070 pela dinastia Almorávida, tendo sido durante um longo tempo uma das cidades mais importantes do mundo islâmico.
A ampla praça de Jemaa El Fna é o centro da vida na medina. Neste espaço a vida aconteceu quase vinte e quatro horas por dia. Quando o sol nasce chegam os artistas de rua: encantadores de cobras, contadores de histórias, bailarinas, lutadores de boxe. Ao longo do dia vão chegando mais actores desta imensa peça de teatro que é a praça. As mulheres que criam tatuagens de henna, os vendedores de petiscos, os distribuidores de água para beber. Abrem as barraquinhas que vendem sumo de laranja e instalam-se as bancas de artesanato. Quando a noite chega, a praça transforma-se num imenso restaurante ao ar livre, com iguarias para todos os gostos.
Ali ao lado, há uma medina diferente, mais reservada, um labirinto onde é fácil as pessoas perderem-se por alguns instantes. São ruas repletas de comércio tradicional e alguns mercados. Para sul chega-se ao Palácio Bahia e às ruínas do Palácio Badhi e caminhando um pouco mais atinge-se o bairro judeu (mellah) e com alguma persistência encontra-se o cemitério judeu.
Também por esta parte da cidade existem os Túmulos Saadianos, criados nos finais do século XVII e mantidos na obscuridade até terem sido encontrados em 1917 por investigadores franceses. Ali próximo o portão Bag Agnaou é dos mais atractivos, de entre todos os que permitem o acesso ao interior da medina. Ali próximo a Mesquita Koutobia já está fora da medina, mas merece uma referência, tendo sido construída a meio do século XII e sendo uma referência constante em Marraquexe, já que o seu minarete de setenta e sete metros pode ser facilmente avistado, e em tempos idos funcionava mesmo como um farol para as caravanas que cruzavam o deserto.
Para norte da praça o visitante encontrará a madraça Ben Yousef, datada do século XIV, e o Palácio de Mnebhi, onde está instalado o Museu de Marraquexe. A poente encontram-se as oficinas de curtumes e as tinas onde se tingem as peles, uma actividade muito pitoresca mas também bastante fedorenta.
Mas a verdadeira medina é feita de ruelas e recantos sem nome, das pessoas que por lá trabalham e vivem, dos detalhes, dos pátios e tascas, enfim, de tudo o que faz do espaço uma zona mágica que continua a fascinar os seus visitantes.
■ Veja ainda a página sobre Roteiro de 3 dias em Marraquexe.
Marraquexe UNESCO: A Inscrição na Lista
A Medina de Marraquexe foi inscrita na lista de Património Mundial da Humanidade da UNESCO em 1985 com base em quatro dos critérios de admissão: I, II, IV e V.
Critério I: por a cidade antiga conter uma série de grandes obras de arquitectura, como é o caso da mesquita da Koutoubia ou do Palácio Bahia, que por si só mereceriam uma menção de grande valor universal.
Critério II: por ter estabelecido um padrão de modelo urbano medieval na região enquanto capital dos Almóadas e dos Almorávidas, tendo mesmo inspirado o estilo do desenvolvimento de Fez, também parte desta lista desde 1981.
Critério IV: por ser um claro exemplo de uma grande cidade islâmica do Mediterrâneo Ocidental.
Critério V: por nos seus setecentos hectares estar presente um amplo passado, traduzido pelo complexo de vielas, casas tradicionais, mercados, actividades artesanais e ofícios ancestrais.
■ Inscrição de Medina de Marraquexe no site da UNESCO.
Alojamento em Marraquexe – Onde ficar
Existem inúmeras hipóteses para se alojar em Marraquexe, com opções em diversas zonas e para todos os bolsos. A minha recomendação vai para a medina, ou cidade antiga, até porque é isso que vimos ver a Marraquexe no âmbito da viagem por Marrocos para conhecer os seus locais classificados pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade.
No contexto da medina, a grande praça Jemaa el Fnaa, que por sinal nem é fisicamente central, encontrando-se descaída para o canto sudoeste da cidade antiga, é a grande referência e o ideal é descobrirmos um alojamento próximo mas numa rua sossegada.
O Riad Hôtel Essaouira é uma escolha evidente. Está instalado num prédio tradicional, com um pátio interior, um terraço e um bom preço: 30 Euros por um quarto duplo, com pequeno-almoço. É verdade que os quartos são simples, mas bem limpos e com uma localização imbatível, mesmo junto à praça mas num recanto tranquilo.
Num nível acima, o Riad Ker Saada é uma decisão acertada. Fica num beco que sai da interessante rua Dabachi, uma das mais animadas da media, que sai da Praça Jemaa el Fnaa. Junta portanto o melhor dos dois mundos, a proximidade a tudo e o sossego. Os quartos e as áreas comuns estão bem decoradas ao melhor estilo marroquino e um quarto duplo custa ali 45 euros, com a refeição da manhã incluída.
Para o viajante em busca da solução mais económica, mas mesmo assim aceitável, o Backpackers Grapevine Hostel é excelente. Uma cama em dormitório custa 5 Euros e tem pequeno-almoço incluído! Tem um ambiente descontraído, um terraço agradável e a grande praça fica literalmente ao virar da esquina.
O outro hostel recomendável é o Amour d’auberge, mais caro, com cama em beliche a 9 Euros, mas com um ambiente mais requintado e uma primorosa decoração. Fica também muito próximo da Praça, mas localiza-se numa viela sossegada, garantindo boas noites de descanso.
■ Veja ainda a página sobre Alojamento em Fez.
Ksar de Ait-Benhaddou
A Chegada – Visitar Ksar of Ait-Benhaddou desde Marraquexe
O Ksar Ait-Benhaddou não fica muito longe de Ouarzazate, uma cidade de montanha na cordilheira do Atlas. O que significa que será ali a base para visitar este nono e último sítio classificado pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade.
A Supratours tem três partidas diárias de Marraquexe para Ouarzazate, às 8:30, às 15:00 e às 15:30. O tempo de viagem é cerca de cinco horas e o bilhete custa 90 dirhams – 8 Euros.
Uma vez em Ouarzazate, há que negociar com um taxista uma ida ao Ksar. Dependendo das suas capacidades de negociação, um táxi para o Ksar, ida e volta, com um par de horas de espera para que possa visitar, custará entre 300 dirhams a 200 dirhams – 27 Euros a 18 Euros. Se quiser ser mais aventuroso, o orçamento descerá substancialmente. Procure um táxi colectivo até Tabourahte, que lhe custará 10 dirhams – 0,90 Euros e uma vez no local apanhe outro para Ait-Benhaddou por 5 dirhams – 0,45 Euros. Regresse da mesma forma e poupe assim um bom dinheiro. Ao vir de Marraquexe (ou ao regressar) poderá sair em Tabourahte.
O Ksar de Ait-Benhaddou
Antes de mais uma breve explicação sobre o que é um ksar: trata-se de uma aldeia fortificada, uma comunidade rodeada de muralhas com torres defensivas nos cantos, basicamente tudo construído em adobe. São característicos do sul de Marrocos e os mais antigos datam do século XVIII.
Este ksar, que se desenvolveu graças à passagem pelo local da rota de caravanas entre o Sahara e Marraquexe, é dos mais espectaculares exemplos deste tipo de povoação.
Como era normal nos ksar, tem um aglomerado urbano bastante compacto, num esforço para maximizar o espaço possível, mas mesmo assim são incluídos espaços comunais ao ar livre. Existe uma mesquita, um antigo caravensarai (hospedaria vocacionada para viajantes, especialmente para os integrantes das caravanas comerciais) e no topo de colina aproveitada para a construção do ksar há um antigo depósito de cereais de onde se obtém grandes vistas sobre a área envolvente.
Nas imediações, próximo da muralha, encontra-se o mausoléu de Ben-Haddou. Procure também os cemitérios de Ait-Benhaddou, um muçulmano e o outro, judeu.
O ksar e a área envolvente foram cenário de inúmeros filmes produzidos por Hollywood, e deixo aqui alguns dos exemplos mais importantes: Jesus of Nazareth (1977 – note que uma boa parte do ksar foi restaurada para a produção deste filme), The Jewel of the Nile (1985), The Living Daylights (1987), The Last Temptation of Christ (1988), Kundun (1997), The Mummy (1999), Gladiator (2000), Kingdom of Heaven (2005), Prince of Persia (2010), Game of Thrones (TV).
Uma dica: tente negociar com o taxista uma visita ao Tamdaght kasbah, a cerca de 6 km, um local igualmente interessante, com menos turistas e mais genuíno, que basicamente nunca sofreu obras de renovação.
■ Veja ainda a página sobre visitar Ouarzazate.
Ait-Benhaddou UNESCO: A Inscrição na Lista
Ait-Benhaddou foi inscrito na lista da Património Mundial da Humanidade em 1987 de acordo com os critérios IV e V.
Critério IV: por ser um exemplo perfeito de um ksar do sul de Marrocos, ilustrando a construção em adobe que desde o século XVII surgiram nas regiões dos vales de Dra, Todgha, Dadès e Souss.
Critério V: por representar o tipo de urbanismo existente em ambientes de construção em adobe, típico da cultura do sul de Marrocos, que se encontra em risco devido às irreversíveis alterações culturais e socioeconómicas.
■ Inscrição de Ksar de Ait-Benhaddou no site da UNESCO.
Alojamento em Ouarzazate – Onde ficar
Ouarzazate não tem a abundância de alojamento que se pode encontrar nas cidades mais turísticas de Marrocos, como Marraquexe ou Fez. Existem algumas opções, mas vou recomendar o nosso hotel Dar Rita.
A localização é excelente, enquadrado num bairro local, onde se pode observar o palpitar quotidiano da comunidade e chegar com facilidade aos pontos mais importantes da cidade. A decoração e o ambiente são tipicamente marroquinos, cada quarto com um toque especial, cada um diferente dos outros. E por cerca de 35 Euros poderá ter um quarto com pequeno-almoço incluído.
Locais sob Avaliação para a Lista de Património Mundial da Humanidade da UNESCO
Os locais que se seguem não constam ainda da Lista de Património Mundial da Humanidade da UNESCO, mas encontran-se sob avaliação após proposta das autoridades nacionais:
- Moulay Idriss Zerhoun (1995)
- Taza et la Grande Mosquée (1995)
- Mosquée de Tinmel (1995)
- Ville de Lixus (1995)
- El Gour (1995)
- Grotte de Taforalt (1995)
- Parc naturel de Talassemtane (1998)
- Aire du Dragonnier Ajgal (1998)
- Lagune de Khnifiss (1998)
- Parc national de Dakhla (1998)
■ Veja ainda a página sobre os locais UNESCO em Marrocos.