Chefchaouen apresenta cores azuis turquesa em que todas as casas na sua medina antiga são pintadas de cor muito fresca e bonita.
Chefchaouen, a cidade azul, considerada por muitos como a localidade mais pitoresca de Marrocos. Localiza-se a norte do país, não muito longe de Tetouan e na sua proximidade vamos encontrar o Parque Natural de Talassemtane.
Tem uma população de cerca de 40 mil habitantes, maioritariamente pertencentes a tribos berberes, agora que vão longe os tempos do fervilhante mellah.
O seu nome popular diz muito sobre a cidade: a maioria dos edifícios da sua medina estão pintados de azul, assim como as suas portas e janelas. Visto de longe, o centro histórico de Chefchaouen é dominado por esta cor, que se confunde com o céu que por estas paragens se costuma encontrar limpo.
Quanto ao seu verdadeiro nome, Chefchaouen, tem origem na localização da cidade, entre dois cumes montanhosos: “Chef” = Olhar e “Chaouen” = “Cornos”.
História de Chefchaouen
Chefchaouen foi fundada em 1471. Era então uma pequena povoação fortificada, um kasbah, criado por Moulay Ali ibn Rashid al-Alami como parte do sistema montado para combater a presença portuguesa no norte de África. O fundador era primo de um chefe tribal, Abu Youma, que já antes ali tinha encontrado refúgio e estabelecido uma base seguro para lançar ataques contra os portugueses, e que tinha morrido em combate numa destas incursões.
Os seus habitantes eram essencialmente de tribos Ghomara, nativas daquela área, mas com a expulsão dos Judeus da Península Ibérica, em 1492, e com as perseguições ao Moçárabes, a população de Chefchaouen cresceu com refugiados vindos da Europa. Durante os anos da Segunda Guerra Mundial a comunidade judia cresceu ainda mais, com a chegada de novos refugiados que fugiam da expansão Nazi, o que poderá ter feito alastrar a “mancha” azul de Chefchaouen. Mas quando o conflito terminou e foi criado o Estado de Israel, a maioria destes judeus deixou Marrocos para ali se estabelecer.
Segundo parece, foram os Judeus Sefarditas que trouxeram consigo o hábito de pintar as casas de azul. Para eles esta cor representa o céu e o paraíso, servindo como um omnipresente sinal da necessidade de seguir uma via espiritual na vida. Esta tendência pode ser observada noutros lugares, como em Safed, em Israel, mas foi em Chefchaouen que atingiu maior notoriedade.
Segundo o testemunho dos mais velhos, durante muito tempo esta utilização do azul limitou-se à parte da cidade ocupada pela comunidade judia, o mellah, e há memória de uma medina completamente branca.
O que fez o azul ser aplicado na generalidade da cidade antiga de Chefchaouen é um mistério e há mesmo quem diga que as tradições
Contudo, há quem conteste esta origem do azul de Chefchaouen, atribuindo-o a razões mais práticas, como afastar os mosquitos das casas ou oferecer uma sensação de frescura nos meses quentes de Verão. Há também quem aluda à representação da água e diga que as tonalidades de azul que se encontram na cidade correspondem a todas as variações que as águas do Mediterrâneo apresentam, ou que o azul foi adoptado em Chefchaouen como homenagem a Ras el-Maa, a queda de água onde os habitantes recolhem a água para beber.
Por outro lado, se perguntar aos locais, muitos dirão simplesmente que o azul é bonito e que a escolha da cor para pintar as casas se deve apenas a isso.
Por fim, há que ter em conta que os marroquinos não são parvos: sabem que a sua cidade ganhou fama internacional por causa do azul e que o turismo é uma considerável mais-valia para a economia regional. Ou seja, se mais razões não existissem, seria importante manter a cidade azul para os visitantes, e o governo local distribui as tintas adequadas para que a população mantenha as coisas assim.
Para além da bela arquitectura e do ambiente da cidade antiga há uma outra razão que contribuiu para a popularização de Chefchaouen como destino turístico, especialmente para os europeus que com facilidade ali chegam após cruzar o estreito de Gibraltar: a presença de vastos campos de cultivo de cannabis. Apesar de ilegal, será difícil visitar a cidade sem que alguém nos proponha a venda de uma pequena quantidade deste tipo de droga. E, claro, para muitos dos visitantes é algo considerado como uma vantagem.
Hoje em dia Chefchaouen – ou Chaouen, como é muitas vezes chamada pelos marroquinos – é uma encantadora cidade que atrai turistas de todo o mundo. Mas nem sempre foi assim: como acontecia com muitas localidades amuralhadas de Marrocos, até 1920 era interdita a forasteiros, especialmente a cristãos, que enfrentavam a pena de morte se ousassem lá penetrar, uma regra que terminou quando a Espanha ocupou esta região do país. O isolamento era tão profundo que os Sefarditas falavam ainda uma versão arcaica de castelhano, basicamente a língua que os seus antepassados usavam quando fugiram da Península Ibérica no final do século XV.
A cidade tem atractivos diversos, bem para além das incríveis imagens feitas de azul. É uma maravilha para ir às compras, com vendedores mais calmos e menos agressivos do que os que é normal encontrar noutras partes de Marrocos. Além disso, come-se muito bem e as suas são seguras.
Quando Visitar Chefchaouen
Como sucede na maioria dos lugares em Marrocos, a melhor altura para agendar uma visita a Chefchaouen será imediatamente antes ou depois do Verão, para apanhar temperaturas muito agradáveis e dias de céu azul. Os meses de Julho e Agosto poderão ser demasiado quentes para uma estadia agradável, especialmente tendo em conta o relevo da cidade, e o Inverno pode ser tão ou mais rigoroso do que na Europa.
■ Veja a página: Fotografias de Chefchaouen.
Chefchaouen: Guia de Viagem
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