Uma medina é um aglomerado urbano organizado dentro de muralhas, ou seja, protegida dentro de uma fortificação.
Normalmente as medinas são as partes antigas das cidades árabes já que há sempre uma cidade nova fora destas mesmas fortificações.
O emaranhado de ruas, ruelas e becos, faz das medinas um autêntico labirinto que faz com que um simples passeio se torne por vezes num verdadeiro quebra-cabeças.
Normalmente, no centro das medinas existe uma praça principal, da qual saem várias avenidas principais que levam para o exterior das muralhas.
Muitas das vezes, nestas cidades marroquinas, as muralhas são protegidas por torres de vigia e abertas em enormes portões que dão entrada e saída da medina antiga de uma cidades.
Encanto das Medinas Marroquinas
- Arquitetura e Infraestrutura: As medinas são projetadas com uma arquitetura única e uma infraestrutura específica. Suas ruelas estreitas, casas de barro, muralhas e portões têm um propósito funcional, proporcionando segurança, proteção contra intempéries e ambiente fresco nos dias quentes. A arquitetura é adaptada ao clima e ao ambiente local, com espaços comuns, como praças e mesquitas, que atendem às necessidades sociais e religiosas da comunidade.
- Fluxo de Pessoas: As medinas geralmente são projetadas para permitir um fluxo eficiente de pessoas. As ruelas são dispostas de forma labiríntica, o que cria uma sensação de encantamento para os visitantes, mas que também evita ventos fortes e fornece sombra. Os mercados e souks são posicionados estrategicamente para atrair e acomodar os compradores, enquanto as mesquitas e outras instalações importantes são facilmente acessíveis para os moradores.
- Criação de Comunidade: As medinas são centros de vida comunitária, onde os moradores compartilham espaços e interagem diariamente. A disposição das casas, riads e lojas estimula um senso de comunidade, coesão social e troca cultural. As medinas são concebidas para promover a interação entre as pessoas, fortalecendo os laços familiares e comunitários.
Características típicas das medinas marroquinas
As medinas marroquinas são uma parte icônica do país e têm características distintas que as tornam únicas. Abaixo estão dez características típicas das medinas marroquinas:
- Labirinto de ruelas: As medinas são famosas por suas ruelas estreitas e sinuosas, formando um verdadeiro labirinto onde é fácil se perder, mas também é onde a magia e a autenticidade são encontradas.
- Arquitetura tradicional: As casas e edifícios nas medinas são construídos em estilo tradicional marroquino, com paredes de tijolos de barro e portas e janelas de madeira entalhada.
- Portões e muralhas: As medinas são frequentemente cercadas por altas muralhas e são acessadas por portões distintos, que são fechados durante a noite para proteção.
- Mercados e souks: A vida na medina gira em torno de seus mercados e souks, onde os vendedores oferecem uma infinidade de produtos, como especiarias, tapetes, cerâmica, roupas, jóias e muito mais.
- Mistura de cores e aromas: As medinas são repletas de cores vibrantes, desde os produtos exibidos nas bancas até as paredes pintadas e mosaicos. Além disso, os aromas de especiarias e alimentos deliciosos enchem o ar.
- Mesquitas e minaretes: As medinas abrigam várias mesquitas, com seus minaretes altos, que muitas vezes são usados para convocar os fiéis à oração.
- Riads: Os riads são residências tradicionais dentro das medinas que possuem um pátio interno central e são convertidos em hotéis ou acomodações para turistas.
- Atmosfera animada: As medinas são lugares movimentados e agitados, cheios de pessoas locais e turistas, criando uma atmosfera vibrante e energética.
- Artesanato tradicional: As medinas são centros de artesanato, onde os artesãos locais produzem produtos tradicionais à mão, como cerâmica pintada, tapetes tecidos, lanternas de metal, entre outros.
- Hospitalidade marroquina: Os moradores das medinas marroquinas são conhecidos por sua hospitalidade calorosa, recebendo os visitantes com chá de menta e uma atitude amigável.
Essas características fazem das medinas marroquinas destinos fascinantes para quem deseja mergulhar na cultura e história do Marrocos. No entanto, é importante estar atento à sua agitação e respeitar as tradições locais ao visitar esses locais.
10 maiores medinas em Marrocos
Em Marrocos as medinas mais conhecidas são as de Fez, Marrakech, Rabat, El Jadida, Essaouira, Casablanca, Chefchaouen, Asilah e Taroudant.
Aqui está uma tabela com informações sobre as 10 maiores medinas em Marrocos, incluindo a população, localização, características especiais e a data de fundação (ou uma estimativa aproximada) da cidade:
Medina | População Estimada | Localização | Características Especiais | Fundação |
---|---|---|---|---|
Fez | ~1 milhão | Centro do Marrocos | – Uma das medinas mais bem preservadas, com arquitetura medieval notável | Século VIII |
Marrakech | ~900.000 | Centro-sul do Marrocos | – Praça Jemaa el-Fna é o ponto focal com música, dança, contadores de histórias, etc. | 1062 |
Casablanca | ~250.000 | Oeste do Marrocos | – Menos tradicional, mas abriga a famosa Mesquita Hassan II, uma das maiores do mundo | 1755 |
Tânger | ~150.000 | Norte do Marrocos | – Localizada na entrada do Estreito de Gibraltar, com influências europeias | Século V a.C. |
Meknès | ~130.000 | Centro-norte do Marrocos | – Impressionantes portões e muralhas, como a famosa Bab Mansour | 1672 |
Rabat | ~120.000 | Costa noroeste do Marrocos | – Capital do Marrocos, combina a atmosfera de medina com a modernidade | Século XII |
Essaouira | ~70.000 | Costa oeste do Marrocos | – Conhecida por suas muralhas e arquitetura de influência portuguesa | Século XVIII |
Chefchaouen | ~45.000 | Norte do Marrocos (nas montanhas) | – Pintada em tons de azul e branco, cria uma atmosfera única e encantadora | 1471 |
Agadir | ~40.000 | Costa oeste do Marrocos | – Moderna reconstrução após um terremoto devastador em 1960 | 1505 |
Tetouan | ~35.000 | Norte do Marrocos (perto de Tânger) | – Inserida em uma colina e apresenta uma rica herança andaluza-mourisca | 1305 |
Vale ressaltar que as populações estimadas podem variar ao longo do tempo e que as datas de fundação são baseadas em registros históricos disponíveis, sendo algumas delas estimativas aproximadas. Essas medinas são verdadeiros tesouros históricos e culturais, oferecendo aos visitantes uma experiência autêntica da rica história e tradições do Marrocos.
Apesar das medinas mostrarem uma certa desorganização visual, na verdades estas seguem determinadas ordens urbanísticas e regras estabelecidas. No centro das medinas há sempre uma mesquita, chamadas normalmente de Grande Mesquita.
Há medinas que são organizadas por separação étnica ou religiosa, localização de actividades laborais, ou seguindo uma certa hierarquia social ou comercial. Dentro das medinas há vários bairros, mercados e zonas de oficinas e comércio.
Influência portuguesa nas medinas de Marrocos
A influência portuguesa nas medinas marroquinas está presente principalmente em algumas cidades costeiras do Marrocos, resultado dos séculos de contato e interação entre os dois países. A presença portuguesa no norte da África remonta ao século XV, quando Portugal estabeleceu rotas comerciais e conquistou territórios no litoral.
Algumas cidades marroquinas onde a influência portuguesa é notável são:
- Essaouira: Localizada na costa oeste do Marrocos, Essaouira é uma cidade histórica com fortes vestígios da presença portuguesa. Ela foi originalmente conhecida como “Mogador” e foi construída pelos portugueses em meados do século XV. Essaouira possui uma fortaleza, muralhas e um porto que refletem a arquitetura militar e defensiva característica dos portugueses da época.
- Agadir: Outra cidade costeira com influência portuguesa é Agadir, no sudoeste do Marrocos. A cidade foi destruída por um terremoto em 1960, mas sua fundação original remonta ao século XVI, quando foi construída pelos portugueses como um posto comercial. Hoje, a arquitetura moderna da cidade esconde os vestígios da presença portuguesa original.
- Azzemour (Azemmour): Azzemour é uma cidade costeira localizada no rio Oum Er-Rbia, próximo à costa atlântica do Marrocos. Fundada no século XVI pelos portugueses, era conhecida como “Azamor”. A cidade foi um importante centro comercial e portuário durante o domínio português. A arquitetura da cidade ainda preserva vestígios da influência portuguesa, com fortificações e construções que refletem a época em que foi governada por Portugal.
- Asilah (Arcila): Asilah é uma cidade costeira ao norte do Marrocos, situada na região de Tânger-Tetouan-Al Hoceima. Fundada pelos fenícios no século XV a.C., a cidade foi ocupada pelos portugueses em meados do século XV. Durante esse período, recebeu o nome de “Arcila”. A presença portuguesa deixou sua marca na arquitetura, com fortificações, muralhas e casas de estilo colonial que ainda podem ser vistas em partes da medina de Asilah.
- Mazagão (El Jadida): Localizada na costa atlântica do Marrocos, El Jadida foi fundada pelos portugueses no século XVI como “Mazagão”. A cidade possui uma fortaleza e uma cisterna subterrânea, que são exemplos notáveis da arquitetura militar e hidráulica portuguesa da época.
- Safi: Safi é outra cidade costeira do Marrocos que foi ocupada pelos portugueses no século XVI. Durante o domínio português, a cidade era conhecida como “Asfi”. A presença portuguesa deixou marcas em alguns edifícios e nas estruturas defensivas da cidade.
- Rabat: Embora a capital do Marrocos tenha uma história mais antiga do que a chegada dos portugueses, Rabat também foi brevemente ocupada por eles no início do século XVII. A presença portuguesa em Rabat deixou poucos vestígios visíveis, mas é uma parte da história da cidade e podemos ver na zona do Casbá dos Udaias.
A influência portuguesa nas medinas marroquinas pode ser observada principalmente na arquitetura defensiva, com a construção de fortalezas, muralhas e portões imponentes para proteger os territórios contra invasões. Além disso, a presença de igrejas e catedrais em algumas dessas cidades é outro indício da herança portuguesa.
A presença portuguesa no Marrocos foi marcada por lutas e disputas territoriais com outras potências europeias da época, e a influência portuguesa nessas cidades costeiras diminuiu à medida que outras nações ganharam poder na região.
Portanto, a influência portuguesa nas medinas marroquinas é um testemunho histórico da interação entre os dois países ao longo dos séculos, que deixou marcas na arquitetura e na cultura dessas cidades costeiras do Marrocos.