Visitar o Marrocos tem estado na minha lista de desejos há mais de uma década. Isso foi antes de a nação do norte da África ganhar destaque como semifinalista da recente Copa do Mundo FIFA 2022.
Desde o início da minha estadia no Oriente Médio em 2010, minha esposa e eu temos cogitado a viagem, que não estava acontecendo por algum motivo. Para começar, o Marrocos nem sequer está próximo do Oriente Médio – são 7 horas e 30 minutos de voo a partir do Bahrein, onde eu estava trabalhando (sem contar a proximidade psicológica com o GCC, onde o Marrocos é frequentemente mencionado como o próximo membro se ocorrer uma expansão do grupo), além disso, a língua era grega e latina… err, francesa e árabe para nós, falantes de inglês.
Agora aposentado, decidi finalmente desbravar o (marroquino) felino – aliás, há muitos gatinhos bonitos por todo o país – saindo de Mumbai, na Índia. Finalmente, estávamos desfrutando da incrível paisagem que compõe o Marrocos por 10 dias neste mês (6 a 16 de março).
Éramos quatro: eu, minha esposa e nossos amigos (outro casal) em uma minivan. O passeio foi organizado por uma operadora de turismo com base no Marrocos, por meio de sua contraparte no Bahrein.
Ao desembarcar em Casablanca, visitamos os locais turísticos usuais do Marrocos – Rabat, Marrakech, Fez, Chefchaouen (quem inventou esse trava-língua?), Volubilis, Merzouga, Tinghir, Ouarzazate (outro desafio verbal!), Essaouira, Ifrane, etc.
Mal encontramos outros turistas indianos durante nossa travessia de 10 dias pelo país. Portanto, neste país com imenso amor e conhecimento sobre Bollywood, tivemos a atenção exclusiva de sermos recebidos por estranhos nas ruas e hotéis com famosas músicas de Bollywood.
Devo admitir que me senti lisonjeado quando alguns deles me chamaram de ‘Shah Rukh Khan’, em referência ao adorado superastro de Bollywood. SRK teria me processado por difamação se soubesse dessa identificação errônea!
Vale ressaltar que o conhecimento sobre o Marrocos como destino turístico é muito baixo na Índia. Eu, por exemplo, não conheço nenhum amigo, parente ou vizinho que tenha estado no Marrocos! O motivo principal é a falta de voos diretos. Facilitar um voo direto ajudaria a atrair muitos indianos de classe média alta que estão dispostos a gastar em viagens internacionais. Também seria um impulso para aspirantes a Bollywood no Marrocos, sem mencionar as ricas tradições culturais e a diversidade geográfica que a Índia também pode oferecer.
Vastas Oportunidades: Subutilizadas
Mas espere! O Marrocos em si precisa ser consideravelmente melhorado para atrair turistas individuais. Atualmente, turistas em massa europeus, que consideram o Marrocos como um destino relativamente barato com muito sol, estão lotando o país. Turistas exigentes podem achar que lugares além de Marrakech são abaixo do esperado.
Ficamos em hotéis quatro estrelas em cinco lugares e em um hotel cinco estrelas em outro. Todos deixaram muito a desejar. A cortesia básica ou a prática internacional de fornecer uma pequena garrafa de água potável e uma chaleira com sachês de chá/café não são seguidas. Funcionários que falam inglês, seja no quarto ou no balcão, são escassos. A qualidade dos acessórios do banheiro e das toalhas também não está de acordo com o esperado.
A experiência mais decepcionante foi um caro jantar/show em Marrakech. Cada artista, desde os cavaleiros de boas-vindas, estava implorando por gorjetas. Não havia uma gestão profissional do evento. Eles nem mesmo aceitavam cartões de crédito.
Portanto, se você não levar montes de dinheiro, terá que voltar. Foi um verdadeiro fracasso. Devo acrescentar que eles têm pessoas, recursos e uma ideia… o que falta é um gerente de eventos profissional. Além disso, parece que a equipe é muito mal remunerada, dada a sua ganância por gorjetas (que virtualmente não largam a mão até receberem dinheiro!).
Em contraste, devo mencionar que um hotel de luxo em Merzouga, no deserto do Saara, estava muito bem organizado, mesmo com infraestrutura física limitada. O pôr do sol e o nascer do sol no Saara deixam qualquer um hipnotizado.
Vastas Paisagens: Não Exploradas Para o Turismo
O aspecto mais desconhecido sobre o país era o terreno acidentado e as montanhas que se assemelham de perto ao Grand Canyon (GC) dos Estados Unidos. Eles têm um grande potencial oculto para se desenvolverem, assim como o GC.
Deveria haver um serviço de helicóptero que sobrevoasse os turistas acima dessa paisagem e do lago adjacente com água azul (lembrando os lagos alpinos suíços). Essa joia de paisagem poderia ser polida e apresentada ao mundo – a abordagem poderia ser “por que viajar para a América quando você tem um GC bem aqui na África?” e para os americanos “venham ver nossa resposta ao GC!”.
Alguns dos fortes/edifícios históricos estão em estado de ruína. Mesmo onde os profissionais do turismo estão cobrando dinheiro – Volubilis, por exemplo -, não há estradas pavimentadas de acesso, nem banheiros com água e nem placas destacando as características do monumento. A preservação foi colocada em segundo plano, parece.
Bom Clima: Povo Hospitaleiro
O país é abençoado com um clima equilibrado – pelo menos quando estivemos lá – e as pessoas são amigáveis e acolhedoras.
Merece uma menção especial a cidade de Chefchaouen – a cidade azul. Seu povo é a essência da hospitalidade, abrindo as portas para os estranhos e muito mais. Senti que as ruas estreitas contrastam com os habitantes de mente aberta. Eu nunca vi nada tão único em nenhum outro lugar. Um lugar muito pitoresco que precisa de uma melhor divulgação para atrair mais turistas.
Embora haja uma grande margem para melhorias, as paisagens variadas (deserto, montanhas nevadas do Atlas, costa atlântica, penhascos imponentes) e as pessoas amigáveis tornam o Marrocos um destino imperdível. As vistas, os edifícios e até mesmo os banheiros decorados com padrões zellige da arte em mosaico roubam o coração dos amantes da arte.
Óleo de Argan, Cabras em Árvores e Harissa
A busca por óleo de argan e seus produtos era um dos objetivos declarados da minha esposa antes de partirmos para o Marrocos. Enquanto ela conseguiu comprá-los em uma cooperativa de mulheres, nos deparamos com um fato até então desconhecido (para nós) sobre cabras escalando árvores.
Isso está relacionado ao argan, pois essa é a árvore favorita delas para escalar ou, como parece na realidade, serem “colocadas” nas árvores! Bem, os defensores dos direitos dos animais desaprovam a “ocupação forçada” das árvores pelas cabras, transformando-as em um espetáculo criado pelos pastores para atrair turistas.
Algumas árvores que visitamos, adornadas por cabras, pareciam “feitas sob medida” para manter as cabras empoleiradas em diferentes níveis. Os animais também tinham uma postura ensaiada, todos olhando para nós – quase nenhuma folha ou fruto de argan restava na árvore para eles provarem afinal. Mas eles não pareciam debilitados.
Tortura animal, como alegam os ativistas… talvez. Mas acho que isso é uma transgressão menor se comparada à crueldade abominável infligida a vários animais em todo o mundo em nome do esporte, diversão ou peles.
A harissa foi outra descoberta. Essa pasta picante se tornou nosso item favorito em todas as refeições. Os indianos adoram comidas picantes, e essa pasta vermelha veio a calhar para cada um de nós apimentar nossos pratos de tajine. Acabamos levando potes de harissa para casa, juntamente com as obrigatórias panelas de tajine.
Não posso concluir sem mencionar os convidativos pomares de laranjeiras, um deles entramos para tirar fotos das suculentas frutas enfeitando as árvores em fileiras. Muitas ruas também têm calçadas adornadas com laranjeiras. E elas eram doces – tão doces que chamavam para voltar à sua terra natal!